Entenda "A Primavera Árabe" principais países

22/10/2011 18:32

Afinal o que é a "Primavera Árabe ?  A Fundação Casa Ruy Barbosa promoveu nos dias 19 e 20 de outubro 2011 um ciclo de palestras com os mais renomados especialistas deste assunto para ajudar a esclarecer o que acontece no Oriente Médio. Para o professor Mamed Mustafá Jarouche da U.S.P que estava na Praça Tahrir no dia que foi aceso o estopim que viria a derrubar o Presidente Hosni Mubarak, do Egito, nada indicava que naquele momento a história do Egito estava sendo reescrita. Os jovens disseram ao professor: "qualquer coisa precisa ser feita e será feita". O movimento basicamente foi conduzido por jovens. Ocuparam o espaço público, seja físico ou virtual. Proletários, camponeses, professores, profissionais liberais e os mais velhos, tiveram uma participação mais sedentária. O exército não participou da repressão. Como ele tem um inimigo externo forte, não ousa se rebelar contra sua própria população. Num determinado momento se declarou contra o presidente. A Arábia Saudita é o maior inimigo de todo o processo em andamento no O.M. Para o professor Hani Hazime "a revolução não acaba quando começa e é um processo contínuo e permanente."

Líbano - o pan-arabismo surge forte. Na Turquia, Kemal Ataturk pensou em unificar os árabes através do partido Bath. Em 1952 Nasser no Egito tenta imitar Ataturk e cria o "nasserismo" com os mesmo ideais. Em 1979 a revolução iraniana dá início. Na opinião do professor Reginaldo Nasser da P.U.C. de São Paulo "a demanda da primavera árabe tem sido as mesmas do Ocidente e nada tem ha ver com Islã ou terrorismo. Eu Paracelso ouso discordar pois o homem comum das estreitas ruas da Medina, não conhece Max Weber, Fred Hadley, Montesquieu ou mesmo Lacan. Todavia recita o Corão 5 vezes ao dia e isto lhe dá o direito de questionar o Estado.

Líbia - os líbios combateram os italianos com muita ferocidade mostrando que havia um identidade dos grupos que habitam aquela região, e querem combater o colonialismo europeu italiano. Depois dos italianos veio a monarquia e depois Kadaf. A Líbia possui 300 tribos e agora terão que encontrar sua identidade nacional e conviver com a forte influência européia outra vez, a França principalmente.

Síria - Para o Professor Paulo Gabriel Hilu da U.F.F. O regime bahatista segue uma linha soviética. Nos anos 70 este perfil se modifica e passa a ser majoritariamente composto por profissionais liberais - saindo da referência do campo -  abandona a revolução soviética e a abordagem corporativista da sociedade e faz com que as demandas do regime político sejam desmanteladas. A religiosidade cresce, os alawitas que representam 10% da população assumem o poder. O Estado Sírio não tem uma religião oficial, mas o presidnte tem que ser muçulmano. Assume o poder o alawita Hafez Assad que apesar de governar com mão de ferro e privilégios aos alawitas, tinha um governo mais descentralizado que seu filho e sucessor Bashar Al Assad. A Síria passa a ser totalmente tutelada pela família Assad e seus "amigos" que poderiam ser alawitas ou não. Assad promove alguma modernização e liberdade política entre 2000 e 2001. Este debate não atinge a classe média urbana e fica restrito aos seus criadores. A corrupção passa a se instalar a partir do processo das privatizações. A revolta na Síria tem como base as classes rurais e trabalhadoras. Explosão dos problemas locais. As crianças na Síria são simbolicamente muito valorizadas. O ato de prender os jovens, foi uma ofensa a cultura, pois sabe-se que uma vez presos serão fatalmente torturadas. O espaço público é ocupado. A mesquita é um deles. Na Síria os problemas que dão origem a uma rebelião são específicos daquela região. Não há uma coordenação horizontal entre as cidades e as razões.

Marrocos - Na opinião do professor Maurício Parada da P.U.C. Rio, os movimento sociais do Marrocos estão associados a luta entre tradição e modernidade, não estão diretamente ligados as questões sociais dos outros países árabes.

Turquia - A professora Monique Goldfeld da F.G.V. disse que o modelo turco segue uma linha de desenvolvimento democrático de uma sociedade predominantemente muçulmana e um sistema político oficialmente secular.

Irã - O professor Murilo Meihy da F.C.R.B. tem a opinião de que no Irã o movimento revolucionário torna-se religioso só depois de consumado e não para derrubar o Xá. Surge um embate político para realizar 2 projetos distintos: Uma nação Umma; ou como nação laica. Optou-se pela nação Umma. Acrescentando um outro poder, o religioso. A guarda religiosa, fez surgir a formação de grupos militares e a militarização do regime. Milícias "Basis" são milícias civis que ajudam os militares. O Irã é uma sociedade extremamente militarizada. É possível um movimento pan-arabista no Irã.

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